terça-feira, 17 de julho de 2012

charme da simpatia / if 6 was 9 / jimi hendrix

cheiro estranho

havia um cheiro estranho no ar
alguma coisa ia acontecer
não era um velório ou mesmo procissão
quando uma batucada começou
o charme custou mas saiu
e esse samba ninguém mais segura
são muitos tambores brilhando na chuva
e pingos de lama manchando o cetim
o rei da tristeza não quer
mas eu faço a poesia
um dia eu invento a piada
o rei vai morrer de alegria

paulinho "menor" amorim / anos 70 / charme da simpatia / rio

segunda-feira, 16 de julho de 2012

crítica pádua fernandes

fiquei muito feliz com a crítica de pádua fernandes sobre minha peça. coisa de quem entende das coisas. crítica única, já que a peça é muito fora da caixinha p/ a crítica convencional. mas o que importa é o abraço sincero dos amigos, conhec...idos e desconhecidos de várias gerações q tem ido ver. as três ou quatro palavras de “valeu. me amarrei. me dá saudade de um tempo q não vivi”. “legal vc ter sobrevivido pra contar”. a crítica do pádua, só dá força para a escolha q fiz há muito tempo: chegar ao outro através da palavra potente, começando com a escrita, depois a falada, a entoada e agora a encenada. “o homem é o desenvolvimento da sua linguagem” (j. salomão).
pra quem não viu, são as últimas duas semanas no sérgio porto (até 29/07). sex sáb 19 hs dom 18 hs. cheguem cedo. 35 lugares. que venham novas temporadas. estou aprendendo.
 
                                                    foto: cafi.


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Chacal, a poesia e o duplo
Creio que há poetas melhores do que Chacal, porém não sei de ninguém que seja mais poeta do que ele. É certo que viveu também de música, principalmente produção de rock, e de outros ofícios artísticos. Não obstante esses outros afazeres, ele é um exemplo de alguém que se dedicou a escrever, publicar, produzir, encenar poesia, e abrir espaço para os versos de outros.

Raríssimo caso de poeta não ressentido com o mundo acadêmico, já o vi dizer mais de uma vez que não vê problema em ser criticado ou em ser pouco estudado naquele meio. Lembro de um jantar em que um mau poeta-músico reclamou do pequeno número de teses sobre si mesmo; chegou ao ponto de queixar-se de uma resenha favorável de certa professora, por não ter conseguido entender o texto - embora percebesse que era positiva!

Faço notar que a resenha era perfeitamente inteligível, o mau poeta-músico é que tinha problemas de leitura. Reclamou, em seguida, que a universidade deveria abandonar os consagrados e apoiar os
escritores novos. Chacal, muito elegante, ouviu tudo e respondeu calmamente que não achava que esse fosse o papel da universidade...
Em Uma história à margem (Rio de Janeiro: 7 Letras), que já tenho mas ainda não li, Chacal propõs-se a escrever um romance autobiográfico. É esse livro que está sendo levado aos palcos, no exercício perigoso de retratar-se duplamente, pois não só Chacal escreveu sobre si, como interpreta a si mesmo em cena.

Vi o espetáculo ontem no SESC Copacabana. Chacal é dirigido por Alex Cassal, que assina com ele a dramaturgia. O poeta é o único artista no palco, mas quem decide pela poesia não pode ter medo... E Chacal, que tanto se apresentou em público, e tanto fez no CEP 20.000, está mais do que à altura desses riscos. Poesia também é risco, por sinal, como lembraria Augusto de Campos, que é citado no espetáculo, embora Charles Peixoto e Waly Salomão, companheiros de geração (e, muitas vezes, de estética, ao contrário dos concretistas, cujo projeto é muito diferente), estejam - como deveria ser - bem mais presentes.
A encenação é tão simples quanto eficaz: bananas, a barba de Allen Ginsberg, alguns lps, folhas, um megafone, batom, um pano azul que serve de ondas e de parangolé são alguns dos poucos elementos com que Chacal retrata as décadas de 1970 a 1990 (principalmente), de que ele foi um dos personagens. Os mimeógrafos, o Circo Voador, o CEP 20.000 estão presentes, assim como a praia, as drogas, as prisões. Trata-se menos de uma poesia que se quer fazer vida do que uma vida que se entende como poesia.

Chacal fala, declama, pula, dança e canta (principalmente samba) e não há instante que sugira que o poeta e performer esteja a fazer pose. Nota-se que ele não quer se institucionalizar, o que seria fatal para sua poética e sua utopia.
Mesmo quando a poesia não é tão boa assim, presa a trocadilhos sonoros (Ginsberg, invocado mais de uma vez, foi capaz de livros muito diferentes - e muito bons - como o Uivo, o Kaddish e América; não há essa variedade nem mesmo em Drops de abril), o corpo de Chacal habita-a e torna-a credível como texto teatral.

Dois dos graves acidentes que sofreu, e que poderiam tê-lo matado, são retratados sem autocomiseração alguma no espetáculo. Vejo nisso a questão do duplo: Chacal é, entre outras coisas,
um sobrevivente, e sua trajetória fez-me pensar que a poesia tem uma vida tão acidentada quanto a dele, e ela também resiste na a
legria de fazer.

domingo, 15 de julho de 2012

nascimento do minotauro

papo gigante


às vezes queria q minha peça durasse muitas horas. que cada assunto que eu fosse falando - poesia anos 70, asdrubal, circo voador, blitz, performances, cep 20.000 - entrasse um ou mais pessoas e também contasse suas lembranças. ia ser um pa...inel monumental. são assuntos caros a várias gerações. mas são assuntos muitas vezes recalcados por pertencer a um tempo onde ainda se sonhava em mudar o mundo. hoje a ordem unida é a eficiência e a adequação ao deus mercado. tô fora. utopia forever. let's play that.

foto: nascimento do minotauro na casa frança-brasil, nove anos do cep vinte mil. em 1999, vestindo capa: luíza marcier. kkkk.....

sábado, 14 de julho de 2012

diário da peça

ontem me diverti muito na peça falando da crítica que não consegue articular o que mora dentro da caixinha com o que vai fora. sempre pensei a arte como uma casa geminada à vida e dou graças a ter escapado de poucas e boas para poder contar... minhas histórias (muito embora, o verbo às vezes não abranja a imensidão ou eu não domine o verbo o suficiente p/ isso). devoro a vida,
digiro e relato. é bom estar vivo pra isso. vivo muito vivo e bem disposto. allez up !

sexta-feira, 13 de julho de 2012

uhm promotion

UMA HISTÓRIA À MARGEM

ESPAÇO CULTURAL SÉRGIO PORTO
rua humaitá, 163/fundos - 2535 3846.

ESSA SEXTA, 13 DE JULHO, 19 HS.
PROMOÇÃO PREÇO ÚNICO: CINCOREAIS.


   se vc der 3 pulinhos e pedir pra são longuinho, a memória,
que vc perdeu num jogo na noite anárquica, ela,
a memória, pode aparecer?
nica era o nome dela?
ou dico?
 (chacal)

quinta-feira, 12 de julho de 2012


UMA HISTÓRIA À MARGEM
texto e atuação: Chacal
direção: Alex Cassal
Nova temporada começa dia 6 de julho

no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, no Humaitá 
Um carioca que viveu sua infância e adolescência na Copacabana da juventude transviada, das turmas de rua, da psicodelia dos anos 60, ao som de Caetano Veloso e Rolling Stones. Um funâmbulo, que passeou sob os céus pesados da ditadura, assistiu Allen Ginsberg uivando em Londres, tropeçou com Waly Salomão pelas dunas de Ipanema, viajou com a trupe do Asdrúbal, voou sob a lona do Circo Voador, atravessou o país carregando malas cheias de livros. Um artista pop que bateu bola com a Blitz, Lulu Santos, Barão Vermelho, Fernanda Abreu e Jards Macalé. Um pândego carnavalesco, um minotauro inventor de artimanhas, um poeta à margem, que há mais de 40 anos vive da palavra. (alex cassal)

De 06/07 a 29/07. sexta e sábado às 19h | Domingo às 18h
Ingressos: Inteira R$ 20 | Meia e lista-amiga R$ 10
Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto
Rua: Rua Humaitá, nº 163 – Humaitá
Tel: (21) 2535-3846

Uma história à margem
Texto e atuação: Ricardo Chacal. Direção: Alex Cassal. Dramaturgia: Ricardo Chacal e Alex Cassal. Assistência de direção: Daniela Fortes. Direção musical: Rafael Rocha. Cenário: André Weller. Projeto gráfico: Fábio Arruda e Rodrigo Bleque | Cubículo. Fotos: Cafi. Assessoria de imprensa: Mônica Riani. Assistência de produção: Bárbara Fontana. Direção de produção: Tatiana Garcias.


uma história à margem viajando


nova temporada - delícia a despedida de uma história à margem do sesc no domingo passado. querid@s amig@s na platéia. outr@s que não conseguiram entrar. momento auge p/ mim. ter vivido aquilo tudo e estar vivo, muito vivo e bem disposto pra contar essa história. agradeço muito ao alex cassal, a dani fortes, a tati garcias e bárbara fontana, a andrea capella, a andré weller, ao cafi, a thabata,
ao pedro, ao thierry, ao luciano, parceiros de toda a viagem.
e ao fate e o sesc, dinheiro e lugar p/ alçar vôo.
quem não viu ou quiser ver de novo,
devemos voltar dia 5 de julho no andar de cima do sérgio porto.
a viagem apenas começou. até jah !
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como poeta, sou um ator
como ator, um performer
como performer, um produtor
como produtor, zero à esquerda
isso porque um dia fui passear ali no meio da rua
ali onde não há moldura, esquadria, escaninho, enfermaria, definitude.
e gostei.
vem.
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sou um griot. canto minha tribo. uma das minhas memórias mais dilacerantes era ver presos políticos, sem nenhum traço vital no rosto, visivelmente torturados, irem renegar a luta armada no jornal nacional (alô alô comissão da verdade, a globo deve ter esses registros). se não me engano, era junto com a copa de 70. hoje não há mais luta armada. todos em uníssomo, perfilados diante do mercado, em busca de uma boa oferta de eletrodoméstico (uma boa marca de geladeira ou máq de lavar?) ou de um aplicativo p/ o celular. eu sou a minha tribo. canto como um griot.

as fotos são do CAFI.

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